domingo, 17 de julho de 2011

Fusão entre Sadia e Perdigão pode prejudicar consumidor, dizem órgãos de defesa

O Cade (Conselho Administrativo da Defesa Econômica) aprovou a operação de fusão entre Sadia e Perdigão que cria a Brasilfoods. Embora para as empresas tal negócio possa trazer bons resultados, o consumidor passa a ter determinados produtos aglomerados em uma única marca.
Com a fusão, o uso da marca Perdigão fica suspenso por três anos em produtos suínos, quatro em salames e cinco anos em lasanhas, pizzas, frios e salgados. “A proposta inicial feita pela BRF (Brasilfoods) ao Cade foi insuficiente, por isso o órgão impôs agora medidas severas, como a retirada da marca Perdigão do mercado por até cinco anos e a venda de ativos importantes (marcas, dez fábricas e oito centros de distribuição).


Mas permanece a dúvida: quem vai ocupar imediatamente o lugar da Perdigão? “Tudo indica que a Sadia, porque, mesmo que a BRF se desfaça de um terço de seus ativos, a única marca forte que restou foi a Sadia”, explica o gerente de Comunicação do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Carlos Thadeu de Oliveira.


Consumidor

Para os órgãos de defesa do consumidor, a fusão pode não se tornar benéfica para os consumidores. Por meio de sua assessoria de imprensa, o PROCON-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), explica que a concentração de mercado é prejudicial ao consumidor, pois diminui a concorrência.


De acordo com o Oliveira, o Cade tentou amenizar essa concentração. "O Cade tentou minimizar barreiras à entrada de concorrentes, mas a concentração é tão grande que, mesmo que duas ou três marcas comprem parte dos ativos vendidos pela BRF, serão marcas pequenas frente à Sadia. E como a fusão já ocorreu na prática, 90% do mercado permaneceu nas mãos da BRF até agora. Por isso, operações dessa grandeza e grau de concentração têm de chegar previamente ao órgão antitruste – o que ocorrerá, caso seja aprovado ainda este ano o projeto de lei que cria o “Super Cade”.


Segundo a coordenadora Institucional da Proteste Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, a fusão não é boa para o consumidor, pois “a retirada de uma marca e determinados produtos do mercado tira o poder de escolha, além de interferir em sua preferência”, explica.


Embora ache o processo prejudicial para o consumidor, a coordenadora afirma que proibir a eliminação de uma marca para a criação de outra “foi uma ação correta do Cade, apesar de que as marcas que não forem usadas deveriam ser leiloadas o mais rápido possível”.


Fonte: UOL notícias

sábado, 16 de julho de 2011

Governo vai abater R$ 25 bi da meta de superávit para fechar conta em 2012

Publicada em 15/07/2011 às 23h30m
e Cristiane Jungblut (crisjung@bsb.oglobo.com.br)

BRASÍLIA - O forte aumento de gastos públicos previsto para 2012 vai obrigar a equipe econômica a fazer um superávit primário (aquele antes do pagamento dos juros da dívida) menor. Os técnicos do governo já comunicaram ao Congresso Nacional que estão planejando abater até R$ 25 bilhões da meta do ano que vem - de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) - por conta de despesas como o reajuste do salário mínimo e do funcionalismo. Se em 2011 o quadro fiscal é aparentemente tranquilo, com um superávit primário de 3,29% do PIB acumulado em 12 meses até maio (acima da meta de 2,9% fixada para o ano inteiro), o que se mostra para o próximo é uma verdadeira bomba relógio, com despesas adicionais de pelo menos R$ 50 bilhões.


Como se não bastasse o impacto que o reajuste do salário mínimo - quase 14% - vai ter sobre as contas do governo, será preciso acelerar os investimentos, desembolsar mais uma parcela do reajuste dos militares e ainda enfrentar pressões por aumentos do Poder Judiciário. Isso sem contar com o pagamento de precatórios antigos que não poderão mais ser parcelados por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).


Cálculos do economista da consultoria Tendências Felipe Salto mostram que somente o aumento do valor do salário mínimo vai ter um impacto de R$ 23 bilhões as despesas do governo que estão atreladas a ele, como Previdência Social, seguro desemprego e a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Outros R$ 20,6 bilhões são o impacto estimado das despesas com aumento de pessoal no ano que vem e R$ 7,5 bilhões as despesas com precatórios. Tudo isso soma R$ 51,1 bilhões.


- Essas são todas despesas extras que vão exigir algum tipo de esforço do governo para fechar suas contas - disse Salto, lembrando que os R$ 51,1 bilhões representam quatro vezes o Bolsa Família.


Ele acredita que embora a meta de primário de 2012 esteja fixada em 3,1% do PIB, o governo só conseguirá chegar a 2,6%:

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Transição verde custará US$ 2 tri por ano, diz ONU


O mundo precisará de investimentos de quase US$ 2 trilhões (R$ 3,1 trilhões) por ano durante quatro décadas para fazer a transição para uma economia sustentável e, ao mesmo tempo, eliminar a pobreza e a fome. Essa é a conclusão de um novo estudo encomendado pela ONU que servirá de base para os debates da cúpula Rio+20, no Brasil, em 2012.


Segundo o levantamento, os investimentos em energia precisarão aumentar 19 vezes para permitir que o mundo alimente 9 bilhões de pessoas, produza energia para todos e freie as mudanças climáticas em andamento. Para a entidade, apenas a tecnologia garantirá que essa equação seja resolvida.
Entre os principais pontos de negociação estão o financiamento dessa transição a uma economia verde e a definição de quem ficará com a conta da adoção de novas tecnologias. Mas, diante da divergência entre governos, não há sinal de acordo.


"Não há como negar: não poderemos viver neste planeta se seguirmos com o mesmo padrão tecnológico", afirmou o chinês Sha Zukang, secretário-geral da conferência Rio+20.


A equação apresentada pela ONU é simples: em 40 anos, o mundo terá 2,7 bilhões de pessoas a mais, que terão de ser alimentadas e demandarão energia. Isso sem contar com os miseráveis de hoje, que, se houver crescimento econômico até lá, vão se tornar consumidores.


"Não podemos parar os motores da economia mundial e os países pobres precisam ter o direito de promover uma melhoria de vida para seus cidadãos. Nas próximas décadas, o mundo terá de adotar novas tecnologias em diversos setores, e isso deve ser uma prioridade de políticas nacionais", declarou o secretário-geral.


Recursos. A estimativa da ONU é de que hoje o mundo destine cerca de US$ 100 bilhões por ano para promover a transição para uma economia sustentável. Os emergentes terão de investir US$ 1,1 trilhão por ano e os ricos, quase US$ 900 bilhões.